segunda-feira, 22 de junho de 2009

Artigo sobre ergoespirometria

Arquivos Brasileiros de Cardiologia

Print version ISSN 0066-782X

Arq. Bras. Cardiol. vol.71 n.5 São Paulo Nov. 1998

doi: 10.1590/S0066-782X1998001100014

Atualização


Ergoespirometria. Teste de Esforço Cardiopulmonar, Metodologia e Interpretação

Paulo Yazbek Jr, Ricardo Tavares de Carvalho, Lívia Maria dos Santos Sabbag, Linamara Rizzo Battistella

São Paulo, SP

O teste ergométrico (TE) convencional, com interpretação do eletrocardiograma, apresenta-se como um método valioso para detectar modificações entre a disponibilidade e a necessidade de oxigênio pelo miocárdio, avaliar arritmias e o comportamento da pressão arterial com ou sem o uso de medicamentos. Porém, muitas questões da função cardiovascular e respiratória ficam sem resposta diante de uma avaliação pelo TE 1-5.

O diagnóstico e avaliação de insuficiência cardíaca em uma extremidade, e a real capacidade funcional de atletas em outro, é de interesse do clínico e de profissionais especializados na caracterização da etiopatogenia e do desempenho nos casos em estudo.

Pacientes com distúrbios ou lesões que acarretam sobrecarga de pressão ou de volume e mesmo aqueles que evoluem com disfunção diastólica, podem se beneficiar com a obtenção de parâmetros obtidos pelo método de análise cardiopulmonar, também denominado ergoespirometria (TE-CP).

Metodologia e interpretação de dados obtidos em avaliação cardiopulmonar ao esforço

Indicaremos a seguir como interpretar os dados obtidos com a metodologia num verdadeiro check-list dos parâmetros em estudo.

Condições preliminares para uma boa avaliação - A ansiedade gerada na expectativa do exame, bem como a utilização de bucal próprio e o uso de clip nasal pelo indivíduo antes do início do teste, poderá eventualmente alterar o comportamento das variáveis ventilatórias. Portanto, é necessário um esclarecimento prévio da prova a ser feita e, em alguns casos, um treino com o sistema sem preocupação com o registro. Em nossa experiência, uma quantidade mínima de água deverá ser fornecida ao examinando antes do esforço a ser realizado, para ser evitado sensação desagradável de ressecamento com o uso do bucal.

Os registros eletrocardiográficos com as derivações selecionadas são feitas previamente e as manobras ventilatórias, salvo estudo específico, não deverão ser utilizadas.

Pede-se ao paciente uma inspiração e expiração profunda com discretos movimentos de marcha estacionária por alguns segundos, observando o relaxamento muscular dos ombros e do tórax, evitando a respiração superficial. O início do teste deverá ser realizado, em geral, de 3 a 5min após a introdução do bucal e clip nasal. Aguarda-se, para isto, VE, QR e consumo de oxigênio (VO2) adequados. A VE de repouso ideal para início do exercício situa-se entre 8 e 15L/min, o QR entre 0,75 e 0,85 e o VO2 de repouso próximo a 3,5mL/kg/min, correspondente a 1 MET.

As condições de temperatura ambiente (próximo a 22ºC±2), e umidade relativa do ar em torno de 60%, seriam ideais no momento da prova.

No local, equipamentos de emergência (desfibrilador e medicamentos) necessários para uma eventual parada cardíaca ou arritmia grave.

A calibração do equipamento, prévia ao exame, é necessária pois algumas variáveis são analisadas em presença de vapor d'água em condições denominadas de BTPS (body temperature pressure saturated), ex.: a VE que inclui a freqüência respiratória (FR) e o volume corrente (VC).

Outros parâmetros como o consumo de oxigênio (VO2) e a produção de dióxido de carbono (VCO2) são analisados em condições denominadas de STPD (standard temperature pressure and dry), que corresponde a situação de OºC de temperatura, pressão de 760mmHg ao nível do mar e em condições de ausência de vapor de água, ou seja, seco.

Nas relações que incluem a VE, o VO2 ou VCO2, como o equivalente ventilatório de VO2 (VE/VO2), lê-se o numerador em condições de BTPS e o denominador em STPD, sendo da mesma maneira avaliada a relação VE/VCO2.

É polêmica a discussão dos protocolos a serem empregados. Não existindo uma concordância, devemos empregar aquele que se adapte melhor ao caso. O protocolo de rampa tem sido muito utilizado, porém não podemos descartar o uso de avaliações que forneçam o que chamamos de steady-state ou equilíbrio de carga durante algum intervalo de tempo. Muito útil, quando queremos realmente saber se o paciente ou atleta encontra-se em condições aeróbias. É estipulado o tempo em torno de 12min como necessário para uma boa eficácia de prova, caso não haja limitações por cardiopatia grave 6.

Tabela para quantificar o esforço, como a de Borg (quadro I), é de fundamental importância pois complementa com dados objetivos a subjetividade declarada do esforço, bem como para orientar o examinador na indicação de exercícios adequados.

Obtenção de um teste verdadeiramente máximo (VO2 max) - Pela ergometria convencional, a obtenção de freqüência cardíaca (FC) máxima, com a utilização de fórmulas (220-idade) ou (210-idade x 0,65), é sujeita a um desvio padrão de até ±12bpm, comprometendo muitas vezes o treinamento em pacientes que necessitam controle mais vigoroso pela presença de arritmia, hipertensão arterial, isquemia, etc.

Pelo uso da ergoespirometria é possível determinar, com relativa precisão, o VO2 max com os seguintes dados: a) presença de QR (VCO2/VO2) >1.1; b) existência de um limiar anaeróbio (limiar de lactato); c) VE >60% da máxima prevista; e) eventual presença de um platô no VO2 diante de um aumento na carga de esforço.

Estes dados, concomitantes à avaliação de FC atingida e a sensação subjetiva de esforço podem assegurar um teste máximo. Weber e col 3 sugeriram que a classificação funcional dos pacientes portadores de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) teria sido baseada nas respostas de limiar aeróbio (LA) e VO2 max. Os indivíduos que apresentam valores de VO2 no LA entre 11 e 14mL/kg.-1 min-1 e VO2 max entre 16 e 20mL/kg-1 min-1 foram considerados com ICC leve a moderada, enquanto os que tiveram valores de VO2 entre 5 e 8mL/kg-1 min-1 no LA e VO2 max <10ml/kg-1 min-1 foram classificados com ICC grave. Além disso, nesse estudo o VO2 max correlacionou-se estreitamente com o índice cardíaco (IC) durante o exercício. Pacientes com VO2 max >20mL/kg-1 min-1 mostraram um IC >8Lmin-1 m2, entretanto, aqueles com VO2 max <10ml>-1 mm-1 mostraram um IC <4lmin-1 m2.

A relação VO2/WR é outra variável importante, medida durante exercício de protocolo de rampa, cujo valor incrementa-se progressivamente até o máximo; o valor normal é de cerca de 10ml/min/W quando um incremento de 10 a 20watt/min de rampa é empregado. Valores inferiores poderão significar uma baixa na função de reserva cardíaca.

Em 1985, Szlachcic e col 6 verificaram que os pacientes com VO2 max <10ml/kg-1min-1 tinham mortalidade de 77% em um ano, e nos com VO2 max entre 10 e 18mL/kg-1min-1, esse índice diminuía para 14%.

Convém lembrar que indivíduos adultos que apresentam valores >40mL/kg-1min-1 já apresentam algum tipo de condicionamento físico e os situados entre 20 a 40mL/kg-1min-1 são quase sempre sedentários não necessariamente portadores de cardiopatia.

Ventilação pulmonar (VE) - Resultante do produto da FR pelo VC. Fisiologicamente, durante o exercício, o incremento da VE é proporcional à produção de dióxido de carbono (VCO2).

A VE, durante o TE-CP, aumenta progressivamente atingindo um platô máximo, caracterizando uma maior produção de CO2.

Em esforço, a VE poderá atingir até 200L de ar ventilado por minuto (em atletas), sendo limitada em cardiopatas e pneumopatas. Como ela é resultante do produto FRxVC, a avaliação isolada destes dois parâmetros, muitas vezes, faz-se necessária. A FR durante o teste, raramente, ultrapassa 50 ciclos/min, e o VC representa, parcialmente, a capacidade de expansibilidade pulmonar. O VC que, em repouso, pode variar de 300 a 600mL por movimento respiratório pode aumentar até, aproximadamente, 70% da capacidade vital ao esforço.

Alguns equipamentos fornecem dados da relação existente entre o espaço morto (VD) e o VC (ou VT – tidal volume). O comportamento normal do chamado VD/VT diminui durante o esforço em indivíduos normais. O incremento poderá significar modificações significativas na relação VE/perfusão pulmonar.

Equivalentes respiratórios de VO2 e VCO2 - As relações VE/VO2 e VE/VCO2, mantendo-se a VE em condições de BTPS e VO2 e VCO2 em STPD, relacionam quantos litros de ar por minuto são necessários e devem ser ventilados para consumir 100mL de O2 (normal entre 2,3 e 2,8L/100mL) ou produzir em CO2. Poderá esta relação ser expressa em 23 a 28 litros de ar ventilado para 1 litro de O2 consumido.

Durante o esforço crescente, as relações VE/VO2 e VE/VCO2 diminuem, progressivamente, para depois aumentar até o final do esforço. A VE/VO2 atinge valores mínimos precedendo a relação VE/VCO2. As variáveis citadas são de fundamental importância na detecção do limiar anaeróbio (LA) como veremos adiante. (fig. 2).

Pressão expirada de O2 (PETO2) ou fração expirada de O2 (FEO2) - A PETO2 em repouso é de ±90mmHg, diminui transitoriamente logo após o início do exercício, desde que o aumento na VE seja mais lento que o incremento no VO2. Ao ultrapassar o LA I, a PETO2 aumenta 10 a 30mmHg ao atingir o esforço máximo, devido a hiperventilação provocada pela diminuição do PH. A FEO2 tem o mesmo comportamento, diminuindo no início do esforço e atingindo um valor mínimo, incrementando-se a seguir. Este parâmetro facilita a detecção do limiar anaeróbio I (LA I).

Pressão expirada de dióxido de carbono (PETCO2) - O valor da PETCO2 ao nível do mar varia de 36 a 42mmHg. Eleva-se 3 a 8mmHg durante exercício de intensidade leve a moderada, atinge um máximo, caracterizando o LAII, e pode em seguida diminuir. A FE CO2 tem o mesmo comportamento durante exercícios de carga crescente.

QR e/ou razão de troca respiratória (RER-R) – QR= VCO2/VO2 – Esta variável significa relação entre o CO2 produzido e o O2 consumido. Ao realizar exercício com R próximo de 0,70, estamos consumindo mais lipídeos. Com valores próximos de 1,00, consumimos mais carboidratos. Exemplos:

C6H12O6 + 6O2 = 6CO2 + H2O + E - portanto QR = 6CO2/6O2= 1;
(glicose)

C16H32O24 + nO2 = 6CO2 + H2O + E - portanto QR = 6CO2/nO2 = <1,0
(ex. de lípides)

Durante a combustão de carboidratos, forma-se 830 cm3 de CO2 com 1g de lípides e 1430cm3 de CO2. O valor de n será sempre incrementado para a produção do CO2 e, portanto, com gasto energético maior, caracterizando um QR menor do que a unidade.

Pulso de oxigênio PO2 (VO2/FC) - Considerada uma das mais importantes variáveis utilizadas pela ergoespirometria, pois demonstra a quantidade de O2 que é transportada a cada sistole cardíaca. Uma diminuição do desempenho de VE pode ser detectada em uma prova de esforço crescente com observação do pulso de O2.

Medição não invasiva do limiar anaeróbio e sua relação com a produção láctica. Importância na medição do desempenho - Desde que foi publicado o trabalho de Wasserman e col 5 tem-se levantado muitas indagações sobre o conceito de LA entre os fisiologistas de exercício e bioquímicos. Porém hoje é bem definido o que ocorre durante um teste de esforço com cargas crescentes.

O ácido láctico é o ácido fixo predominante produzido durante exercício. Possui um pH de, aproximadamente, 3,8 e, portanto, está totalmente dissociado do pH da célula (7,0). O sistema de tamponagem do HCO3 restringe a alteração do pH, que ocorreria através da formação deste ácido relativamente forte, porque a reação: H+ + HCO3 « H2CO3 « CO + H2O ou LaH + NaHCO3 « NaLa + CO2 + H2O se dirige à direita para formar CO2. Em associação com a formação HCO3 durante a tamponagem, a concentração de HCO3 diminui em proporção inversa com o aumento na concentração de lactato. Em razão de a tamponagem do H+ associada à produção de lactato ocorrer no meio intracelular, a produção de CO2 pela célula deve aumentar. O aumento de lactato e a diminuição do HCO3 na célula serão rapidamente equilibrados, através de intercâmbio transmembrânico desses íons. Conseqüentemente, o fluxo do CO2 adicional, gerado na célula através da tamponagem, deverá ser detectado rapidamente na troca de gases do pulmão.

Um teste de nível de esforço progressivo, em que são medidas as trocas do gás, e o VO2 no LA, permite a medição dos fenômenos associados à acidose metabólica em desenvolvimento. À medida que aumenta o nível de esforço, VO2, VCO2 e VE aumentam de forma linear. Acima do LA, a produção de ácido láctico acarreta um aumento de CO2 da célula e da taxa de CO2 venosa, o que resulta em aceleração do incremento de VCO2, geralmente acompanhado de um aumento paralelo em VE, mantendo, desta forma, o PaCO2 constante. Como o nível de incremento de VO2 permanece linear, enquanto o VE acelera, o PETO2 aumenta caracterizando o LA I enquanto o PETCO2 não diminui de forma recíproca. Estes fenômenos determinam o limiar I. Como corolário, o equivalente ventilatório para O2 (VE/VO2) aumenta sem que haja um aumento no equivalente ventilatório para CO2 (VE/VCO2). O estreito aumento paralelo em VE e VCO2, visto inicialmente acima do LA, reflete um breve período de tamponagem isocápnica, isto é, VE/VCO2 e PETCO2 não se alteram, enquanto VE/VO2 e PETO2 aumentam. De acordo com Wasserman e col, esta é uma demonstração sensível de troca de gás para a medição não-invasiva do limiar anaeróbio. À medida que o nível de esforço aumenta, o pH cai subseqüentemente, fazendo com que a VE aumente mais depressa do que a produção de CO2. Isto faz com que o PaCO2 caia e o pH aumente. Esta compensação respiratória para a acidose láctica não-respiratória resulta em um aumento de VE/VCO2 bem como em um decréscimo adicional em VE/VO2 (fig. 2), caracterizando o limiar II).

Quando é medido no LA, o consumo de O2 (VO2) não é afetado pelo tipo de protocolo de exercício usado para uma determinada forma de esforço. Além do mais, o VO2 no LA não será afetado pela duração de cada incremento de nível de esforço.

O limiar ventilatório aeróbio (LV 1) foi considerado como sendo o ponto em que houve quebra de linearidade do VE/VO2, tendência de ascensão abrupta da razão de troca respiratória (RER) e menor pressão expirada final de oxigênio (PETO2) ou fração expirada de O2 (FEO2). O limiar ventilatório anaeróbio (LV2) foi considerado como o ponto em que houve quebra de linearidade do VE/VCO2 e maior pressão expirada final de CO2 (PETCO2) ou fração expirada de CO2 (FECO2), precedendo sua queda abrupta. O LV 2 é também denominado ponto de descompensação ácido-metabólico (fig. 2).

O LA também pode ser determinado pelo método do V-slope detectado no chamado turning point da curva VCO2 x VO2 (fig. 3).

Boucher e col 8, estudando indivíduos saudáveis, verificaram o comportamento da função ventricular, analisando o comportamento da FE do repouso até o LA e, deste, até a intensidade máxima de exercício. A FE aumentou do repouso para o LA, mas a mesma resposta não foi verificada do LA para o exercício máximo. Eles concluíram que o maior incremento da FE ocorre em estágios de esforço aquém do LA, sendo que, após, a resposta pode ser variável e um aumento uniforme não é necessariamente esperado em indivíduos normais. Em relação ao comportamento do desempenho ventricular durante o esforço, em relação ao LA, merece destaque o estudo de Goodman e col 9 que concluiu que o mecanismo de Frank/Starling exerce funções progressivamente diferente antes e após o LA. Os resultados sugerem que antes do LA, o mecanismo de Frank/Starling é mais operante e a contatilidade miocárdica, ao contrário, é mais efetiva acima do LA 10,11.

A importância na detecção do LA, para o clínico, incide no fato de que exercícios realizados numa intensidade acima do LA pode provocar um aumento abrupto nos níveis de catecolaminas, causando as conseqüências conhecidas de arritmia, hipertensão e isquemia do miocárdio.

Num estudo realizado no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP 11, foram avaliados pacientes com ICC e os resultados apontaram comportamentos díspares nas variáveis ergoespirométricas, caracterizando capacidade funcional diminuída em pacientes que foram a óbito em tempo de esforço físico, em condições anaeróbias, menor que outros que não mostraram melhor desempenho.

Em conclusão, o método de avaliação com gases expirados apresenta-se como mais uma arma na propedêutica não invasiva de determinar a real capacidade funcional de atletas e pacientes com comprometimento cardiovascular e ou pulmonar.

Avaliação Cardiorespiratória


Treinamento:
- princípio da individualidade biológica;
- princípio da adaptação;
- princípio da sobrecarga;
- princípio da interdependência de volume / intensidade;
- princípio da continuidade;
- princípio da especificidade.

Efeito do Treinamento:
Para ser eficaz, uma sessão de treinamento deve provocar, uma perturbação no equilíbrio interno do corpo (homeostase), o exercício é um esforço e deteriora o desempenho. Durante a fase de recuperação o corpo começa a ser reconstruído, se adaptando as exigências do exercício para ser capaz de repetir a tarefa.
Na realidade o corpo é reconstruído de uma forma um pouco melhor, num fenômeno chamado de "supercompensação".

Recuperação:
O tempo necessário para a recuperação depende da intensidade (FC) e da duração da sessão de treinamento. É essencial programar as sessões e os intervalos de recuperação adequadamente, para evitar o excesso ou o treinamento deficiente.

Coração
Seu coração reage a tudo que acontece no seu corpo, como um velocímetro. Aumentando e diminuindo o seu ritmo, de acordo com as ordens que recebe do SNC. A análise da frequência cardíaca pretende estimar o nível de condicionamento, a velocidade de consumo calórico, o nível de estresse psicológico, o surgimento de alguma anormalidade patológica e muitas outras coisas.

Zonas de frequência cardíaca:
Pesquisas científicas comprovaram, que o nível de intensidade (bpm) combinado com a duração do exercício e o tempo de recuperação, provocam efeitos no organismo, desde a perda de peso até a melhoria do condicionamento anaeróbico. Para a conveniência dos praticantes, a intensidade, foi dividida em zonas alvo. Cada uma delas determinada por um fenômeno fisiológico.
- Atividade moderada: 50-60% da FCmáx = Condicionamento básico ou reabilitação
- Controlar o peso: 60-70% da FCmáx= manutenção da saúde e do condicionamento cardiovascular
- Melhorar a resistência: 70-80% FCmáx= melhoria do condicionamento aeróbico - atletas sérios
- Competição (alto risco): 80-100% FCmáx= atletas de competição, aumento do desempenho máximo

Princípios gerais da prescrição de exercício:
Os componentes essenciais de uma prescrição sistemática incluem:
Modalidade(s) apropriada (s), intensidade, duração , frequência e progressão da atividade física;
Estes 5 componentes são aplicados para pessoas de todas as idades e capacidades funcionais independente da existência ou ausência de fatores de risco ou de doença. (ACMS,2000)

Efeitos do exercício aeróbio:
Os pulmões fornecem O² ao sangue. Eles podem receber mais ar e difundir mais O² ao sangue.
O coração bombeia sangue rico em O² aos músculos. ele aumentando de tamanho, pode bombear mais sangue por batimento e bate mais lentamente em repouso ou durante o exercício
Os músculos utilizam o O² para queimar combustível para produção de energia . Os músculos adquirindo maior fortalecimento, podem queimar mais combustível, especialmente gordura, durante o exercício.
Obs: O exercício aeróbico na forma e intensidade corretas fazem com que o músculo do coração se torne mais forte
Obs: a circulação, a ventilação e o metabolismo estão intimamente ligados e todos melhoram com o treinamento aeróbico (fonte: David Nieman - Exercício e Saúde (1999)

Consumo máximo de O² (VO2 máx):
É a maior quantidade de O² que pode ser consumida pelo organismo durante o esforço físico e comumente utilizada para mensurar a aptidão cardiorespiratória.
VO² máx = Potência aeróbica
É a maior taxa de consumo de O² que é possível de ser atingido durante o exercício máximo ou exaustivo (fonte: Jack Wilmore - 2001)

Benefícios do treinamento aeróbio:
- Reduz a gordura corporal/ mantém baixa os percentuais de gordura corporal;
- Aumenta a capacidade do corpo de queimar gordura durante o exercício e nos períodos de descanso;
- Melhora o bem-estar cardiovascular;
- Reduz a pressão sanguínea, colesterol e os riscos de problemas cardíacos;

Avaliação Cardiorespiratória
VO2 máx Preditivo - Extimado : quanto a idade e % de gordura corporal
VO2 máx=57,50 - 0,31(X1) - 0,37(X2)
X1= idade em anos
X2=% de gordura corporal

Método direto de VO2 máx: ergoespirometria
Método de VO2 máx pelo Teste de Rockport (caminhada)
Método de VO2 máx pelo Teste de Cooper: 12 minutos em pista = VO2 máx = ml/kg/min = D-504,1/44,9
Cálculo de MET através do VO²máx:
1 Met= 3,5ml /kg/min (O²=oxigênio; h = hora)
Met máx=VO2 máx /3,5

Zonas Específicas de Treinamento de Acordo com a % de VO2 máx utilizado
Atividade Regenerativa - 40 a 50%
Atividade Moderada - 50 a 60%
Controle de Peso - 60 a 70%
Aeróbio - 70-80%
Limiar anaeróbio - 80 a 90%
Esforço máximo - 90 a 100%

Cálculo do ritmo e duração da atividade aeróbia
Velocidade. (m/min)= (%RVO2)/(0,18) - 5,75
3000m para indivíduos com menos de 30ml/kg/min
4000 = ganho de VO2máx de té 50 ml/kg/mim
6000 = ganho de VO2máx de té 60 ml/kg/mim
A cada 4 sessões existe um ganho de 1,8 ml/kg/min


Cálculo do número de sessões de treinamento
1.Calcular a demanda energética de uma sessão de treinamento;
2.Encontra quantos quilos uma pessoa deve perder;
3. Quanto representa em calorias esse valor:
0,5 kg ---------3000kcal
Gordura exc------ x kcal
4.Dividir o total de calorias que deve perder pela demanda energética da sessão de treinamento.
Número de sessões= número total de kcal - kcal de treino
5. Divide o número de sessões no total pelo número de sessões semanais e assim calcular quantos meses serão necessários para o treino.

Elaboração do Treino
Frequência cardíaca máxima= 220-idade = (abrangência + ou - 12 do total para maiores de 25 anos e + ou - para menores de 25)
Frequência cardíaca de treinamento (protocolo de karvonen):
Limite inferior= (FCM - FCRepouso) x Y% (valor percentual que se deseja trabalhar) + FCrepouso
Limite Superior= (FCM - FCRepouso) x Z% (valor percentual que se deseja trabalhar) + FCrepouso
Segundo a fómula nova apresentada por Renato Lotufo e Turíbio Leite de Barros: 208-(0,7 x idade).


Espirometria


Espirometria é um teste que permite aferir o fluxo de ar nas vias aéreas ou brônquios (os tubos que transportam o ar para os pulmões), comparando os resultados com os obtidos por pessoas saudáveis com a mesma idade e altura.Tem como indicações a investigação de sintomas respiratórios (tosse, falta de ar e sibilância); o diagnóstico e a avaliação de asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ou bronquite causada pelo cigarro, incapacidade funcional; avaliação pós-operatória; e avaliação e diagnóstico de doenças respiratórias relacionadas ao trabalho.
A espirometria permite verificar se existe obstrução ao fluxo de ar, ou seja, se as vias aéreas estão anormalmente contraídas, ou se o volume dos pulmões está normal. São realizados ainda testes após o uso de medicação broncodilatadora (bombinhas do tipo Aerolin ou Berotec), determinando se a obstrução é reversível ou não. Com este procedimento pode-se diagnosticar a presença de asma e o quanto há de melhora após o uso do broncodilatador.
Os aparelhos utilizados seguem os padrões da Sociedade Americana de Doenças Torácicas (ATS) e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), e são calibrados diariamente. Para maior segurança são utilizados filtros bacterianos descartáveis a cada exame.
Os testes têm a duração média de 30 (trinta) minutos e são realizados por técnicos capacitados e devidamente treinados.
Técnica de aplicação:
1 - Sentado, cabeça posição neutra, sem flexões pescoço, clipe nasal
2- Inspiração até a CPT, pausa pós inspiração <3 seg
3- Tubete colocado imediatamente após a inspiração sobre a língua, entre os dentes, lábios cerrados
4- Expiração máxima e sustentada
5- Inspiração máxima
Cuidados que precisam ser observados:
* 24 horas antes do teste você deve parar de usar as seguintes medicações: Serevent, Oxis, Foradil, Fluir, Seretide, Forasec, Symbicort, Bamifix, Teolong, Teophyl, Teofilina, Talofilina.
* 12 horas antes do teste não se pode usar: Atrovent, Combivent, Accolate e Singulair.
* 6 horas antes do teste não se pode usar: Berotec, Aerolin, Salbutamol, Aero-Jet, Bricanyl, Aerotide, Clenil Compositum.
* Evite ingerir café e bebidas que contenham cafeína antes do teste.
* Outras medicações, exceto drogas beta-bloqueadoras, podem ser utilizadas normalmente, salvo por indicação médica. A critério do médico, as medicações acima podem ser utilizadas para avaliar seus efeitos na função pulmonar.
* Se após a suspensão de qualquer medicamento ocorrer problemas respiratórios, deve-se voltar a usar o medicamento na dosagem e freqüência anterior, comunicando-se com o médico responsável pelo procedimento.
* Na realização do teste, relacione todos os medicamentos que estiver utilizando, inclusive remédios naturais.

Avaliação da força muscular


Sendo a força muscular um componente da aptidão física, torna-se importante desenvolver meios que permitam quantificar a força de determinado músculo ou grupo muscular. As informações recolhidas são importantes para os técnicos que têm de trabalhar com o atleta.
No início da época desportiva os atletas apresentam uma atrofia muscular relativa, decorrente do período de repouso caracterizado pela inexistência de treinos intensos. Também após uma lesão há caracteristicamente atrofia muscular devido ao desuso por inactividade. Nestas duas situações a quantificação da força muscular permite ao preparador físico e ao médico tomarem conhecimento do estado do músculo em termo de força, compará-la com determinações efetuadas noutras alturas da época desportiva (no final, no chamado "pico de forma", antes de a lesão ter ocorrido, etc.) e prescreverem os exercícios de tonificação muscular considerados mais convenientes.
A comparação da força entre vários atletas da mesma modalidade e relacioná-la com a respectiva performance, permite aos técnicos unu melhor análise da prestação desportiva de cada um dos atletas.
A avaliação da força muscular pode ser efetuada por:
a) técnica manual, que no sistema de Lovett utiliza como critérios objetivos a força da gravidade e a resistência. A classificação é baseada na amplitude do movimento; no efeito da gravidade e na quantidade de resistência gerada pelo atleta.
Como facilmente se conclui, trata-se de uma técnica bastante subjetiva, que dificilmente poderá ser útil na comparação entre os atletas e que enferma de algumas causas de erro, como sejam a experiência, a posição, etc.
b) técnicas mecânicas, alguns dos aparelhos/sistemas desenvolvidos:
1- Dinamómetro isocinético, no qual há controle da velocidade do movimento e durante o qual se pode medir a força de contração muscular desenvolvida sobre a articulação.
2- Verificador muscular manual de Nicholas-Ismat (ISMAT - Institut of Sports Medicine and Athletic Trauma) - Trata-se de um aparelho portátil que é interposto entre a mão do examinador e o membro a testar e objetivamente registra a força necessária para eliminar o movimento.
3- Electromiografia (EMG). A força muscular é determinada a partir da soma dos potenciais de ação, pois os autores têm verificado que existe um aumento paralelo entre a amplitude na EMG e o aumento da força muscular.
4 - Através da colocação sucessiva de pesos nas máquinas de musculação, em que os atletas terão de ir vencendo a resistência proporcionada pelas cargas adicionadas. Trata-se de um método de fácil execução e sem dúvida o mais disponível.

Flexibilidade



A Flexibilidade é uma capacidade física que pode ser relacionada à saude e ao desempenho desportivo e descreve a Amplitude de Movimento (AM) que uma articulação pode realizar.

Pode se manifestar de maneira ativa e passiva.

Ativa: a maior amplitude de movimento possível, que o indivíduo pode alcançar devido à contração da musculatura agonista.

Passiva: a maior amplitude de movimento possível que o indivíduo pode alcançar sob a ação de forças externas (parceiro, aparelho, ação da gravidade, outros segmentos corporais).


Os métodos para medidas e avaliação da flexibilidade podem ser classificados em 3 tipos principais:

Testes Angulares: São aqueles que possuem os seus resultados em ângulos (formados entre os dois segmentos corporais que se opõem na articulação), a medida dos ângulos é denominada de goniometria e tem sido o método mais freqüentemente utilizado na literatura sobre flexibilidade e mobilidade articular.
Instrumentos
1 - Flexômetro de Leighton
2 - Fleximeter - (Baseado no Flexômetro de Leighton)
3 - Goniômetro - (Goniometria)
4 - Eletrogoniômetro

Testes Lineares: Se caracterizam por expressar os resultados em um escala de distância, tipicamente em centímetros ou polegadas, utilizam primariamente de fitas metálicas, réguas, ou trenas para a mensuração, os testes lineares apresentam como pontos fracos à incapacidade de dar uma visão global da flexibilidade do indivíduo e a provável interferência das dimensões antropométricas sobre os resultados dos testes.
Instrumentos:
- Banco de Wells e Dillon.
- Régua graduada.

1 - Sentar-e-alcançar - "Seat and Reach Test" (Johson e Nelson, 1979)
2 - Extensão de tronco e pescoço - "Trunk-andreck Extension Test"
3 - Afastamento Lateral dos membros inferiores - "Side Split Tese" ( Johson e Nelson,1979)
4 - Teste de Schoberlike - avaliar coluna cervical
Teste de Schober - avalia a coluna torácica e lombossacro
5 - Teste de tocar os dedos para Flexibilidade do Manguito Rotador
6 - Teste de Senter e Alcançar (Adaptado - sem banco)
7 - Teste de sentar e alcançar - Wells & Dillon – 1952
8 - Teste de Amplitude de Movimento das Costas Passivo
9 - Teste de Amplitude de Movimento das Costas Ativo
10 - Testes Combinados de Flexão do Tronco e da Articulação do Quadril de Calliet
11 - Teste de Sentar e Alcançar de Hopkins e Hoeger
12 - Teste de Sentar e Alcançar Modificado
13 - Teste de Ott - avalia a coluna torácica e lombossacro

Testes adimensionais: São os testes de flexibilidade como adimensional quando não existe uma unidade convencional, tal como ângulo e centímetros, para expressar o resultado obtido, como regra, eles não dependem de equipamentos, utilizando-se unicamente de critérios ou mapas de análise preestabelecidos.

1 - Testes de Carter- Wilkinson e Beighton – Horan
2 - Flexiteste - Original (20 movimentos analisados)
3 - Flexiteste - Adaptado (8 movimentos analisados)

Antropometria


Avaliação antropométrica é o método de investigação em nutrição baseado na medição das variações físicas e na composição corporal global. É aplicável em todas as fases do ciclo de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo o seu estado nutricional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). É apontada como sendo o melhor parâmetro para avaliar o estado nutricional de grupos populacionais, possibilita diagnósticos individuais e de coletivo e prediz o desempenho (WHO, 2004).
Os parâmetros mais utilizados para a avaliação antropométrica são as medidas primárias (utilizadas isoladamente), como peso, estatura, dobras cutâneas e circunferências e as medidas secundárias (combinadas) como Índice de Massa Corporal (IMC), peso ideal, somatória de dobras cutâneas, entre outros.
Dobras cutâneas

As dobras cutâneas nos dão a estimativa da composição corporal a partir da avaliação da espessura em milímetros, e para tal procedimento, utiliza-se o adipômetro, também chamado de compasso de dobras cutâneas. Este é um método de fácil obtenção de dados e baixo custo, sendo útil e praticável em grandes estudos de campo. Quando realizado pelo mesmo avaliador, permite um resultado fidedigno. As principais dobras cutâneas mensuradas são: tríceps, bíceps, subescapular, peitoral, antebraço, axilar média, supra-ilíaca, abdominal, coxa e panturrilha. A somatória das dobras, aplicadas a um protocolo específico ao caso, prediz a adequação de gordura corporal em porcentagem (NETO & CÉSAR 2005).
Circunferências

As circunferências predizem gordura corporal e analisam os padrões de distribuição dessa gordura. As circunferências que podem ser mensuradas são: pescoço, tórax, cintura, abdômen, quadril, coxa, panturrilha, braço, antebraço e punho. A relação das circunferências da cintura e do quadril (C/Q) pode ser usada para identificação do risco de doença cardiovascular (REZENDE, 2007).
Índice de massa corporal (IMC)

O IMC é obtido a partir do peso de um indivíduo dividido por sua estatura ao quadrado. É recomendado para o diagnóstico e classificação da obesidade, porém não expressa a composição corporal relativa ou quantitativa. Por isso, este método não é indicado para avaliação de atletas, pois nãodiferencia hipertrofia muscular de obesidade. O IMC juntamente com outras variáveis, como por exemplo a circunferência da cintura, permite a identificação de risco de doenças cardiovasculares e analisam os padrões de distribuição da gordura corporal (HENRY, 1990).

Bioimpedância

Um outro método de avaliação da composição corporal é a bioimpedância, que baseia-se na condução de uma corrente elétrica de baixa intensidade (800 microA - 50 kHz), que percorre o corpo, medindo a resistência que é oferecida pelos vários tecidos do organismo, quantidade de água corporal total, percentual de gordura e massa magra corporal.
A corrente elétrica é facilitada através do tecido corporal hidratado e isento de gordura (sendo, portanto, um bom condutor de corrente) e da água extracelular composta de maior quantidade de eletrólitos. Com isso, a resistência elétrica (impedância) é diminuída. Deste modo, à relação entre gordura e resistência é inversamente proporcional, uma vez que a gordura não é uma boa condutora de corrente elétrica (MCARDLE & KATCH, 2003).
Apesar de ser um método com boa validação científica, não invasivo, prático, simples e de fácil manejo, existem alguns pré-requisitos para que seu resultado seja fidedigno, dependendo de grande cooperação do avaliado.
As etapas necessárias para um resultado fiel são: efetuar jejum pelo menos 4h que antecedem o teste; não praticar atividade física muito intensa 24h antes do teste e/ou exercícios leves/moderados 12h antes; não ingerir bebidas alcoólicas nas 48h anteriores ao teste; não ingerir estimulantes (café, chá e chocolate) no dia anterior ao teste; não utilizar medicamentos diuréticos 7 dias antes do teste; não ingerir refeições pesadas no dia anterior ao teste (para que o peso não seja momentaneamente alterado).


A utilização de cada método dependerá das características do indivíduo (atletas, não atletas, pacientes com patologias, crianças, adolescentes, etc). Porém, a utilização de mais do que um método pode ser necessária para um diagndóstico eficaz.

Avaliação Física


Para uma boa avaliação física temos de analisar muitas variáveis: antropométricas; composição corporal; análise postural; avaliações metabólicas e neuromusculares; avaliações nutricionais, psicológica e social.
Uma avaliação bem feita é aquela em que se utiliza critérios e protocolos bem selecionados, fornecendo dados quantitativos e qualitativos que indique, através de análises e comparações, a real situação em que se encontra o avaliado. Só é possível fazer um programa de exercícios com qualidade e segurança com uma avaliação física em que se utilize metodologia, protocolos e critérios de avaliação adequados.
Além disso, as avaliações devem ser periódicas e sucessivas, permitindo uma comparação para que possamos acompanhar o progresso do avaliado com precisão, sabendo se houve evolução positiva ou negativa. Dessa forma, é possível reciclar o programa de treinamento e estabelecer novas metas.